Mercado audiovisual ganha cada vez mais espaço na comunicação, mas continua apresentando dilemas sociais que não deveriam existir.
Um produto audiovisual se refere a todo um processo de comunição que sincroniza sons e imagens, transformando essa metadologia em uma espécie de linguagem. Esse conjunto de gêneros, hoje, é um dos produtos mais utilizados e variados, desde formatos simples em vídeos que circulam em redes sociais, a formas mais elaboradas, no marketing como o anúncio publicitário; além de notícias em grandes veículos de informação.
O crescimento dessa metodologia, com ajuda de todo o alcance da internet, trouxe consigo a necessidade cada vez maior de profissionais especializados na produção de conteúdos destinados aos diversos prismas comunicacionais da área. O mercado de trabalho, também evoluiu. No entanto essa evolução se traduz em "técnicas". O ofício da profissão sem dúvidas se mostra cada vez mais moderno em suas práticas, no entanto, o progresso parece estar inerte em relação a um problema cultural: igualdade.
Segundo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, 51,7% da população do país brasileira são mulheres. Profissionamente, no entanto, a Secretaria de Trabalho divulgou no mesmo ano que, sendo maioria, representam apenas 44% do vínculos trabalhistas do Brasil, ganhando cerca de 15% menos em relação aos homens. No audiovisual não é diferente, segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), apenas 40% dos cargos são ocupados por "elas", e o salário também é inferior, cerca de 13% menor. E em cargos como a direção, que gere todo o processo de produção de um vídeo ou filme, os números no Brasil ficam ainda mais conflitantes: apenas 20,3% são dirigidos pelo sexo feminino, segundo a própria Ancine (2016).
Na presença desses números, talvez seja mais do que necessário ter discernimento para enxergar algo que muitas vezes passa despercebido, e ter percepção de que um problema social antigo pode ainda se fazer forte mediante à um conjunto de tecnologias que constituem "novas" formas de linguagem. O audiovisual e tudo o que ele abrange, adota formas modernas e ganha espaço em toda a área comunicacional, no entanto, até mesmo a modernidade parece ter raízes ultrapassadas na essência da sua formação. Na comunicação audiovisual como arte e na arte como qualquer outra área, não se deve haver distinção baseada em gênero.
(Kathryn Ann Bigelow, primeira mulher a vencer o Óscar por "Melhor Direção", em 2010) foto: Pinterest