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Processo eleitoral entre Lula e Bolsonaro abala relação que brasileiros têm com a Copa do Mundo

26% dos brasileiros afirmam que “pegaram ranço” da camiseta amarela da Seleção Brasileira, diz pesquisa


Por: Khananda Beatriz - 18 de novembro de 2022 às 14h56



Venda de camisas piratas em camelô (foto: https://veja.abril.com.br/esporte/em-falta-nas-lojas-uniforme-da-selecao-nunca-esteve-tao-na-moda/)


Fim de ano, Brasil 2022: chuva de Fake News, eleições e Copa do Mundo. Os jogos, desta vez, serão no Qatar, mas será que o brasileiro esperançoso como sempre, neste ano, em específico, torcerá para a seleção brasileira como se as partidas fossem em solo nacional?


Após quatro anos ocupando o cargo de presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, no fim do mês de outubro perde as eleições para o então atual presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. E, durante as campanhas políticas dos dois candidatos, a nação brasileira se encontra dividida, de um lado os eleitores de Jair Bolsonaro, que se dominam “Patriotas” e que utilizam as cores da bandeira nacional como linguagem visual, incluindo a camisa da seleção brasileira, e do outro, os apoiadores do Lula que utilizaram a cor vermelha presente na estrela símbolo do Partido dos Trabalhadores (PT).


Os “Lulistas”, ou apenas eleitores do presidente Lula, esperançosos para “Ver o Brasil feliz de novo”, iniciaram um tipo de negação ao cogitarem utilizar a camisa do Brasil novamente, mesmo em clima de Copa do Mundo.


Bolsonaristas pedindo intervenção militar em Minas Gerais (MG) (Foto: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2022/11/04/interna_politica,1417141/internet-elege-momentos-mais-vergonhosos-de-manifestacoes-bolsonaristas.shtml)

“Após as eleições, os apoiadores do Bolsonaro tomaram a frente dos quarteis militares exigindo intervenção militar porque o Lula foi reeleito. Quando os militares tomaram o poder nesse país foi uma época de muito sofrimento, qualquer um que estudou sobre e entende de política, sabe. Essas pessoas que estão na rua, na minha visão, não possuem a mínima noção disso. Neste ano, eu não vou usar a camisa do Brasil porque não quero ser confundido com essas pessoas”, disse o trabalhador, Tito Mariano (47).


Tito, ainda cogita utilizar alguma camisa do seu time durante a Copa, o São Paulo Futebol Clube (SPFC), afinal o trabalhador possui uma coleção delas e, na sua opinião, utilizá-las pode estar relacionado de alguma maneira com os jogos.


"Neste ano, eu não vou usar a camisa do Brasil porque não quero ser confundido com essas pessoas".

Por outro lado, o estudante Carlos Augusto (20), já comprou a sua nova camisa da seleção brasileira e está muito animado para a Copa: “Acho que não se deve misturar o sentimento patriótico de torcer para o seu país com uma

disputa política. Sempre vou ter orgulho do país independentemente de qualquer coisa, e a camisa da seleção representa união e alegria”, comenta o estudante.


Em uma pesquisa realizada neste mês de novembro pelo Instituto Travessia, de São Paulo, para o portal de notícias Metrópoles, 26% dos brasileiros afirmam que “pegaram ranço” da camiseta amarela da Seleção Brasileira, ou seja, o traje “oficial” nas manifestações bolsonaristas. No mais, 14% apontam que a disputa nas urnas mudou definitivamente a relação que mantinham com a equipe nacional. Desse grupo, 5% consideram que esse vínculo melhorou. Para 9%, ele piorou.


Pedro Henrique utilizando a camisa azul da Seleção (Foto: https://trivela.com.br/copa-do-mundo/veja-a-numeracao-dos-jogadores-da-selecao-brasileira-para-a-copa-2022/)

No mês de agosto, um dia após o lançamento oficial, a nova camiseta azul do Brasil, tanto no modelo feminino quanto no masculino esgotou no site de vendas da Nike. Mas novos lotes da peça foram disponibilizados na mesma semana. Enquanto isso, as camisetas amarelas continuaram disponíveis no site.


De acordo com o vendedor de camisetas oficiais e materiais esportivos de

Campo Limpo Paulista, Diego Henrique (26), as suas vendas foram maiores

devido a Copa do que a eleição presidencial. Diego trabalha há oito meses no

ramo e também diz que no seu caso, as vendas das camisetas amarelas fizeram mais sucesso do que a azul. “A amarela vende mais por ser um modelo novo e com um detalhe especial no botão”, afirma o vendedor.



PERSPECTIVA


Em 1970, o Brasil ainda vivia sob a ditadura do regime militar, instaurada em 1964 e, a vitória da seleção brasileira naquele mesmo ano sobre a seleção italiana por 4 a 1, na final, foi bastante explorada pela propaganda do governo Médici em slogans do tipo: "Ninguém segura este país" ou "Brasil, ame-o ou deixe-o".


Grande parte da população na época foi resistente à essa ideia. Alguns intelectuais de esquerda, opositores do Regime afirmavam que o futebol era o "ópio do povo", pois faria a população se alienar, deixando de lutar pela

solução dos problemas sociais, o que pode ser comparado as opiniões da realidade atual.


Repressão militar durante movimento estudantil, em 1968 (Foto: Wikimedia Commons)

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